A série ANO INTERNACIONAL DA PAZ é uma coleção dedicada às questões levantadas pela necessidade urgente do estabelecimento da PAZ MUNDIAL no mundo de hoje.
A sua finalidade é oferecer livros curtos, objetivos e preciosos, destinados àqueles que sentem o desejo de ampliar a sua consciência de um dos grandes problemas mundiais: as guerras e a sua solução.
A sua visão do homem é global e visa abranger toda a sua realidade: econômica, social, religiosa, artística, científica e espiritual. Todos esses aspectos são analisados dentro da perspectiva da paz e de um mundo unido, sem barreiras políticas, de cor, credo ou classe social.
Têm como propósito apresentar um novo panorama, novos conhecimentos e novas bases para o pensamento humano e o grande desafio de afastar definitivamente da vida humana o aspectro da guerra. Foram convidados autores profundamente envolvidos com o estudo, pesquisa e desenvolvimento dos conceitos de uma Nova Era para o mundo, a paz sempre dentro das suas especialidades ou áreas de formação. Acreditamos que nada é tão importante nos dias atuais diante da designação pela ONU do Ano Internacional da Paz, que sejam trazidos ao público obras deste caráter.
Todos os autores residem no Brasil, e estão envolvidos pela realidade brasileira, e embora seja uma convicção corrente do brasileiro não incluir no rol das preocupações o problema da guerra mundial, a profundidade e as reflexões agudas e inteligentes que cada autor propõe parecem desmentir tal convicção, que torna a série ainda mais atraente.
Há certas questões da vida humana que têm recebido pouca atenção no atual turbilhão que a crise moral e ética da humanidade se envolveu. O desenvolvimento da ciência e a tecnologia colocou á disposição meios de viver e também armamentos para os quais não estava ainda preparado espiritualmente.
Segundo o biólogo e Prêmio Nobel, Jean Rostand, "a ciência nos tornou deuses sem que antes tivéssemos merecido sermos homens". Entre estas questões se coloca, sem dúvida, o destino e o futuro da humanidade diante da atual potencialidade das armas nucleares.
A função de toda obra deve ser de aumentar o nosso conhecimento, não apenas para podermos melhor manipular o homem e a natureza, mas para fazer renascer a nossa fé e esperança na humanidade, e mostrando um novo caminho para a sua evolução.
E a evolução do homem hoje, obrigatoriamente, está direcionada na medida dos seus esforços pelo entendimento internacional e a criação de um mundo unido.
Os preconceitos, as tenções e os antagonismos não têm mais lugar na nova existência humana e devem ser relegados ao passado de imaturidade da humanidade.
Esta série, ANO INTERNACIONAL DA PAZ, visa a aprofundar a compreensão do sentido da vida do homem, o seu propósito e finalidade na face da terra e a sua posição na história.
Está sendo publicada baseada na convicção de que a atual geração pode realizar a grande tarefa de reorganização do relacionamento humano, do alargamento dos seus horizontes, da universalização dos seus objetivos, fazendo surgir uma consciência moral que leva à unidade e a fraternidade de todos os povos, raças, culturas, religiões e classes. Enfim, à planetização da humanidade. Uma só família humana. Uma só raça: a Grande Raça Humana.
As grandes conquistas da humanidade não são resultado da força e nem mesmo realizações puramente intelectuais: são realizações da totalidade do EU humano, nos seus múltiplos aspectos morais e espirituais.
Se servir para a sua reflexão e uma maior compreensão do mundo em que vive e para onde este mundo se dirige, prezado leitor, esta série terá cumprido a sua principal função.
A ASSOCIAÇÃO DE ESTUDOS BAHÁ'Í ÍS DO BRASIL.Nos últimos cem anos a palavra EDUCAÇÃO tem sido uma das mais comentadas, elogiadas e lamentadas dentro do vocabulário moderno. Em poucos anos, a humanidade passou de uma época em que a maioria dos reis não sabia ler, ou não desejava saber ler, até o presente, quando, ao contrário do passado, incontáveis organizações declaram ser a educação um direito incontestável de todas as pessoas, sejam elas ricas ou pobres, meninos ou meninas, jovens ou idosos, camponenses ou citadinos.
Existem atualmente grandes complexos educacionais compostos de milhares de prédios escolares, professores e alunos. As catalogações de material didático incluem milhões de ferramentas, desde a tampinha de garrafa até os computadores mais sofisticados. Mesmo os países mais pobres possuem uma infra-estrutura educacional e contribuem para o mundo, criando filósofos, cientistas, artistas, educadores e estadistas. Nos países onde os recursos permitem, a educação formal pode ser de proveito de toda a população, desde a mais tenra idade até o fim da vida.
Entretanto, é um fato reconhecido a existência de uma crescente desilusão com a "educação". Em muitos países desenvolvidos, números alarmantes de alunos deixam seus estudos no primeiro momento permitido por lei. Mesmo em países em desenvolvimento a insatisfação concorre com os fatores econômicos para tirar os alunos das escolas.
Por seu turno, os educadores e legisladores procuram reagir a essa tendência criando mudanças na estrutura educacional, reorganizando os currículos, buscando novos materiais escolares, etc, mas nem eles mesmos estão satisfeitos com os resultados até agora alcançados.
A grande verdade é que a chave do problema se encontra mesmo nos resultados que a educação deveria trazer. Esta gigantesca máquina educacional, com milhões de horas de aulas e estudos, não levaram os alunos a responder as perguntas básicas e mais importantes de suas vidas. Quem somos? Por que fomos criados? Para onde vamos?
Em nosso entusiasmo para encontrar a pedra mágica, acabamos nos esquecendo que a educação, como qualquer ferramenta, não pode responder as perguntas do "por quês?". Para obtermos tais respostas é necessário nos voltarmos para a Religião, que é a fonte mais profunda de motivação e segurança do indivíduo, como também a força geradora de civilização para os povos.
Através dos tempos, os Fundadores das grandes religiões, como Buda, Moisés, Cristo, Maomé, Bahá´u´lláh e outros, ensinaram à humanidade o propósito de nossas vidas e como tal propósito poderia ser alcançado. Nos Livros Sagrados, encontramos os princípios morais e éticos que orientam o uso adequado de qualquer ferramenta, inclusive as altas tecnologias que, hoje, estão ao nosso alcance. No BagvadGita, no Velho Testamento, no Novo Testamento, no Alcorão, e nas Escrituras Bahá´ís são destacadas as qualidades individuais do ser humano, como a compaixão, a equidade, a bondade, e tantas outras que o homem deve adquirir. Certamente, a aquisição dessas virtudes deve fazer parte fundamental de todo e qualquer processo educacional. Mas, na medida em que criamos estruturas sociais, mais e mais abrangentes, cresceram também de importância os problemas sociais e inter-pessoais. A Religião é que nos tem ensinado como conviver harmoniosamente em famílias, tribos, cidades e nações, criando instituições baseadas na justiça, obediência, colaboração mútua e crescente consciência social.
Hoje em dia também a orientação para a vida social provém da Religião. Neste momento histórico, quando as perguntas dos "por quê?" chegaram ao ponto de não somente desequilibrar inúmeros indivíduos, mas também a sociedade inteira, levando-a ao ponto de por em perigo sua própria existência, Bahá´u´lláh proclamou os princípios sociais e éticos adequados para o ser humano enfrentar tais desafios.
Bahá´u´lláh proclamou a unidade do gênero humano como o ponto focal ao redor do qual encontraremos a solução de nossos problemas sociais:
"O bem-estar da humanidade, sua paz e segurança são inatingíveis, a menos
que, e até que, sua unidade esteja firmemente estabelecida." (4)
Porém, qualquer "educação" baseada em perspectivas limitadas, lealdades parciais e conhecimentos fragmentados, não pode satisfazer ao ser humano, que intrinsecamente tem anseios universais, esperanças celestiais e sentimentos globais. Há que educá-lo para ser uma criatura confiante de seu lugar no universo e pronto para contribuir com seus talentos para o progresso de toda a humanidade. Pela primeira vez na história das grandes religiões, o próprio Fundador de uma Religião destacou a Educação como uma lei divina e traçou as linhas gerais de uma filosofia educacional adequada para esta época.
Nas Escrituras bahá´ís são definidos três tipos de educação, ou seja, material, humana e espiritual.
A educação material trata dos cuidados do corpo, seu bem-estar e conforto. Neste aspecto da educação pode-se incluir as áreas de higiene, limpeza, abrigos, vestimentas, cosmetologia, educação física, esportes, alimentação e as ciências de saúde. Nas diversas culturas em torno do globo estes assuntos recebem tratamentos variados, portanto está evidenciado de alguma maneira, e formam parte de nossa herança universal.
As crianças porém, devem receber uma instrução sobre o funcionamento e cuidados que o corpo e os demais elementos do meio ambiente físico necessitam. A natureza possui suas leis e estrutura geral. O papel da educação é gerar o melhor entendimento destas leis para que possamos obedecê-las e aproveitá-las tanto para nos proteger, como para fazer descobrimentos que levarão avante a civilização.
A educação humana inclui as atividades sociais e humanísticas que fazem parte da civilização, como governo, administração, obras de caridade, profissões, artes e ofícios, ciências, e, grandes invenções e descobertas. A atuação nestes campos permitem a expressão cada vez mais profunda das faculdades intelectuais. Assim aprendemos a funcionar em diversas instituições sociais de crescente complexidade e abrangência, como a família, as tribos, as cidades, o estado-nação e, hoje, chegou a hora de aprendermos como viver nesta nova fase de unidade mundial.
O terceiro tipo de educação, ou seja, a espiritual, é a parte mais crítica. Trata-se da aquisição de qualidades espirituais e de desenvolvimento de um bom caráter. Inclui-se tais qualidades como a honestidade, justiça, veracidade, cortesia, reverência, decência, paciência, etc. O ser humano é a única criatura essencialmente espiritual, portanto esta educação atinge sua essência. Sua influência, portanto, penetra e controla todos os aspectos de sua interação como os outros tipos de educação, ou seja, a material e a humana. Entender a biologia é um fator importante, mas evidenciar respeito para com o meio ambiente, é essencial. O estudo da psicologia é ótimo, mas, aprender a relacionar-se com amor e unidade é crucial.
Tendo em vista a natureza espiritual do homem, a aquisição destas qualidades permite, também, que ele se aproxime de Deus e progrida espiritualmente em todos os mundos da existência.
Através de uma educação completa, isto é: material, humana e espiritual, as pessoas conseguem não somente a auto-realização como também se preparam para levar avante a civilização humana.
Além de definir os tipos de educação, as Escrituras bahá´ís fornecem orientação sobre sua abrangência e focalizam diversas áreas da educação humana que devem ser enfatizadas neste ponto crítico de nossa evolução social.
Em síntese, a educação deve ser universal em sua abrangência, em seu conteúdo e em seu enfoque. Todos, meninos e meninas, devem ser educados no sentido formal de alfabetização e freqüência às aulas, como também nos aspectos não formais que visem ao máximo aproveitamento dos contatos inter-pessoais e os intercâmbios culturais, através dos quais as pessoas tornam-se capazes de integrar-se no seu meio-ambiente e ainda melhorá-lo.
Bahá´u´lláh comparou o ser humano a uma mina rica em sua capacidade de produzir gemas preciosas: gemas de conhecimento e comportamento que não são aparentes aos olhos dos observadores.
"Considerai o homem como uma mina rica em jóias de inestimável valor. A educação, tão somente, pode faze-la revelar seus tesouros e habilitar a humanidade a tirar dela algum benefício." (7)
Cabe aos educadores serem mineiros, trazendo à superfície as belezas ocultas no ser humano. A própria natureza humana é curiosa, investigadora, racional, responde naturalmente ao estímulo, para o cumprimento deste princípio.
Se pensássemos bem na alegria que uma criança mostra após a aprendizagem de um novo conceito ou habilidade, ficaríamos certamente admirados ante a satisfação que o conhecimento pode trazer a ela. Portanto, a aquisição de qualidades como amor, justiça, compreensão, honestidade, e outras, causa não só a alegria e satisfação da própria pessoa, como também de todos ao seu redor. Além disso, a contribuição dos seus talentos à humanidade pode ser motivo de felicidade para todos os habitantes do planeta.
Há mais de cem anos passados, quando Bahá´u´lláh chamou a atenção dos reis e governantes para a necessidade premente do estabelecimento da paz, um pequeno grupo de líderes teve nas mãos o poder de levantar essa bandeira e salvar a humanidade deste século angustiado. Mas não o fez. Sua recusa em ouvir o chamado de Bahá´u´lláh retardou, certamente, mas não alterou o andamento do plano divino, inclusive já previsto em todos os Livros Sagrados: o de implantar na terra uma época de verdadeira paz universal.
Na busca de meios eficientes para estabelecer e manter a paz, a educação tem sido muito subestimada e, conseqüentemente, pouco utilizada. Na verdade, é tão somente a distância de um fio de cabelo que hoje separa a humanidade de um holocausto atômico que alertou os povos em geral ao engano terrível que foi cometido, deixando de educar as últimas três gerações para uma finalidade de paz e compreensão, em vez da guerra e agressão. Desta forma, por uma necessidade imperiosa, a educação para a paz está sendo lentamente implantada nos currículos das escolas primárias e secundárias, e também em algumas universidades do mundo. A Educação para a paz pode ser vista não somente como uma arma poderosa na batalha contra o desastre iminente, como também, e mais importante ainda, como a maior força para que possamos manter a paz, uma vez estabelecida.
Até a presente data, a maioria das pessoas simplesmente jamais recebeu educação material, social ou espiritual com vistas à construção de um mundo de paz. Nossos brinquedos, livros e materiais didáticos, nossos heróis e modelos de vida são valorizados por sua força e não por sua compaixão, por seu machismo e não por sua humanidade, por seu valor de mercado e não pela contribuição que podem trazer à felicidade e desenvolvimento de uma coletividade. As pesquisas mostram que muitos de nós, seres humanos, nem conseguimos imaginar como seria um mundo de paz, tão cheias estão nossas cabeças de imagens de conflito, temor e guerras.
Na primeira década deste século, ´Abdu´l-Bahá, o filho de Bahá´u´lláh, falou, durante suas viagens para o Ocidente, que a paz universal era o maior problema enfrentado pela humanidade e que cada indivíduo deve combater até os pensamentos de guerra.
"Hoje o problema mais importante nos assuntos do mundo da humanidade é a questão da paz universal, que é o maior meio de contribuir à própria vida e felicidade da humanidade. Sem essa realidade mais luminosa, é impossível que a humanidade atinja o conforto real e a proficiência. Antes, sofrerá, cada dia, alguma desavença e tragédia..." (5)
Ele também indicou como devemos educar as crianças, no que diz respeito à paz:
"Semeia nas mentes maleáveis das crianças as sementes da paz, ensina-lhes as vitórias da paz. Cerca-as com lições de paz. Envolve-as com a atmosfera da paz e inspira seus corações com as realizações da paz. Permite que seu alimento seja a paz, sua contemplação a paz, sua aspiração máxima a paz e o propósito movedor de suas vidas a paz." (6)
Bahá´u´lláh e ´Abdu´l-Bahá destacam diversos princípios sociais com referência específica à realização e manutenção da paz mundial. Entre eles, os seguintes:
a - Perspectiva mundial.b - Eliminação das guerras e redução de armamentos.
c - Participação plena das mulheres na sociedade.d - Eliminação dos preconceitos raciais, regionais, nacionais e religiosos.
e - Idioma auxiliar universal.Entre as organizações mais preocupadas com a educação para a paz destacam-se as Nações Unidas e seus órgãos consultivos. Em 1974, a Conferência Geral da UNESCO apresentou uma recomendação aos estados membros acerca da educação para a paz e assuntos relacionados. Foram enumerados os seguintes pontos como elementos chaves dos estudos dedicados a este fim:
1 - Uma dimensão internacional e uma perspectiva global de educação em todos os seus níveis e em todas as suas formas.
2 - A compreensão e o respeito por todos os povos, suas culturas, civilizações, valores e modos de vida, incluindo-se as culturas das etnias nacionais e as outras nações.
3 - A capacidade de se comunicar com os outros.4 - A consciência não só dos direitos, mas também dos deveres que os indivíduos, os grupos sociais e as nações têm para com os demais.
5 - A compreensão da necessidade de solidariedade e cooperação internacionais.
6 - A disposição por parte de cada um de contribuir para a solução dos problemas da comunidade, do país e do mundo.
7 - O reconhecimento da crescente interdependência dos povos e das nações. (15)
Os princípios e temas acima mencionados estão sendo estudados pelos educadores, formando, assim, a base de um currículo sobre a educação para a paz. Tais estudos mostram que as pessoas podem ser educadas para serem mais cooperativas, tomarem decisões morais mais elevadas, valorizarem e apreciarem culturas e povos diferentes do seu, diminuírem o número de conflitos e adquirirem uma perspectiva mundial, em vez de permanecerem limitadas às visões locais, regionais ou nacionais.
Uma visão real do mundo físico é uma imagem nova para a humanidade. As fotos do planeta, tiradas do espaço, retratam nosso globo verde e azul, sem nenhuma fronteira ou divisão artificial. Nossa perspectiva sócio-econômica também deve espelhar este grau de unidade. O ex-astronauta Edgar Mitchell nos explica o efeito desta visão global, nas seguintes palavras:
"Nenhum homem que eu conheça, foi até a lua e voltou sem ter sido afetado de uma maneira muito semelhante. É o que eu prefiro chamar de consciência global instantânea. Cada homem volta com um sentimento que ele não é apenas um cidadão norte-americano; ele é um cidadão planetário. Ele não gosta do jeito que as coisas estão, e quer melhorar a situação..." (25)
Um estudo dos mapas, documentos históricos e representações da terra, apresentam uma visão cada vez mais ampla e exata do globo terrestre. As crianças também têm uma visão do mundo que se forma gradativamente. Mas através dos meios de comunicação em massa, em poucos anos sua visão do mundo físico se completa. Entre os 7 e 9 anos de idade também a visão social é alcançada. Até o final de sua adolescência as crianças já criaram um forte conceito de "nós" e os "outros".
Elas fixam sua identidade racial, étnica e nacional. Se os modelos e conceitos que lhes são apresentados forem limitados e restritos, sua visão também o será. Mas se os modelos e conceitos forem ampliados e abrangentes, da mesma forma será também seu modo de pensar.
Todos os assuntos apresentados para o estudo devem ter uma visão mundial. Se estudamos moradia, por exemplo, é necessário que, primeiramente, tal assunto seja tratado como uma necessidade humana. Apresentamos as diferenças e os pontos em comum entre as culturas e notamos que cada povo tem suas razões (clima, história, geografia, etc) para justificar o tipo de habitação utilizado em sua região. O assunto deve ser tratado sem nenhuma demonstração de desprezo contra qualquer tipo de moradia. Em vez de classificar toda moradia em casa ou apartamento, devem ser mostradas gravuras de outros tipos de habitação, mesmo para as crianças pequenas.
Para nutrir o desenvolvimento da perspectiva global, desde o início a criança deve ter múltiplos contatos com pessoas das mais diversas raças e nacionalidades. Bem cedo deve a criança perceber a beleza e unidade que existem na família humana, pois a falta deste reconhecimento, ou seja, os pensamentos e comportamentos preconceituosos, é uma das principais causas das guerras:
"Em relação aos preconceitos religiosos, raciais e políticos, todos estes preconceitos atacam a própria raiz da vida humana: todos eles geram derramamento de sangue e a ruína do mundo. Enquanto sobreviverem estes preconceitos, haverá guerras contínuas e terríveis." (2)
Os pais devem escolher os brinquedos (como bonecas, etc) e a literatura infantil que reflitam a beleza e a diversidade da raça humana, e que despertem nas crianças sentimentos universalistas. Ao ver outro país na televisão, ou ao encontrar-se com pessoas provenientes de outros países, os adultos devem manifestar de viva voz seu prazer por isso, mostrando, também, um amplo espírito hospitaleiro. Assim começa a educação universal.
Com relação às instituições educacionais, elas devem desenvolver cada vez mais os princípios unificadores da humanidade. Primeiro, no modelo apresentado pelos professores e mais tarde através do conteúdo e teor das lições. As crianças devem ter contato com professores e administradores de diversas origens e raças, bem como ter em seus livros didáticos gravuras representativas de todos os países do mundo.
Devemos ensinar as crianças a serem cooperadoras. A cooperação é uma das áreas de comportamento muito bem estudadas. Entre as diferentes definições, uma das mais representativas é a seguinte:
"... um relacionamento entre pessoas que trabalham juntas a fim de alcançarem metas iguais ou complementares..."
e o autor continua:"como o homem é um ser social, devido à suas características e herança biológica e cultural, sua sobrevivência depende de sua capacidade de obter e manter a união." (12)
Se pensarmos no dia a dia da maioria das pessoas, durante 24 horas de suas vidas, observaremos que colaboram e procuram bom entendimento com os outros muito mais do que buscam discussões e conflitos. Com treinamento e prática, a tendência e a capacidade de cooperação podem perfeitamente superar as outras. Nas crianças, o comportamento cooperativo inicia-se cedo na vida:
"O desenvolvimento da cooperação tem suas raízes na fase pré-escolar, na medida em que as crianças compartilham brinquedos, amigos, sentimentos e idéias. Mas, tal participação mútua da criança nessa idade é limitada aos momentos quando as crianças têm uma meta em comum...
Na escola primária, as crianças aprendem a adotar metas comuns bem como respeito e simpatias mútuas. Aqui elas aprendem, pela primeira vez, imaginar o ponto de vista de uma outra pessoa, quando adquirem a capacidade de conceber uma ação, ou idéia, fora de si mesmas. Na escola média ocorre a verdadeira cooperação, baseada no consenso do grupo. As crianças maiores, por exemplo, procuram de propósito conseguir o reconhecimento de suas idéias por suas colegas." (20)
Uma análise do comportamento cooperativo feita pelo programa ANISA, destacou os seguintes componentes:
"A cooperação pode se dividir em diversas atitudes. Tais atitudes transmitem aos outros membros do grupo o desejo, ou vontade, da pessoa em cooperar, tanto quanto o nível de atração que o membro sente para o grupo como um todo. Algumas dessas atitudes são: bondade, cortesia, honestidade, justiça e equidade. Na medida em que uma pessoa cria tais atitudes, mais fácil será sua cooperação com os outros." (12)
Existem centenas de atividade didáticas cuja finalidade é ensinar as pessoas a colaborarem. As atividades variam segundo o nível de desenvolvimento das crianças. Entre elas, os mais conhecidos são os jogos cooperativos, que criam um ambiente saudável e feliz para os participantes, ao mesmo tempo que desenvolvem os talentos e habilidades físicas e fazem partes dos esportes tradicionais.
Um preconceito que apresenta grandes barreiras para a unidade e progresso é o preconceito religioso, o qual tem sido causa de muitos conflitos e guerras. Embora todas as religiões se baseiem em princípios espirituais e místicos semelhantes, buscando levar seus seguidores ao aprimoramento do caráter e da moral, muitos "religiosos" olham para os seguidores de crenças diferentes com desconfiança, suspeita e até ódio.
Bahá´u´lláh afirma que o papel principal da religião é unir os corações, mas não somente dentro da mesma crença:
"Ainda outra causa do desacordo e da discussão é a formação de seitas e denominações religiosas. Bahá´u´lláh disse que Deus envia a religião para estabelecer fraternidade entre a humanidade, e não para criar conflito e discórdia, pois toda religião é fundamentada no amor à humanidade. Abraão promulgou este princípio, Moisés chamou todas a reconhecê-lo, Cristo estabeleceu-o e Maomé dirigiu a humanidade a seu estandarte. Esta é a realidade da religião. Se abandonarmos os depoimentos dos outros e investigarmos a realidade e o significado dos ensinamentos celestiais, encontraremos o mesmo fundamento de amor pela humanidade."
"Todos devem abandonar seus preconceitos e até ir às igrejas e mesquitas uns dos outros, pois em todos esses lugares de adoração o Nome de Deus é mencionado. Já que todos se reúnem para adorar a Deus, qual é a diferença?"
Entre os primeiros programas tentados para por em prática os conselhos de educação para a paz, encontramos os projetos educativos para católicos e protestantes na Irlanda e para indus e muçulmanos na Índia. Obviamente, esses pequenos projetos não resolverão as guerras já iniciadas, mas tais esforços, agora, evitarão outros conflitos, no futuro.
Muitos educadores afirmam ser necessária uma educação diferente sobre as religiões das formas tradicionais de educação religiosa, até então, unilateral e dogmática.
O Dr. Sten Rhode, num artigo sobre os princípios do ensino religioso, oferece as seguintes orientações aos educadores:
a - O ensino religioso nas escolas deve versar sobre muitas religiões. Nunca, uma somente.
b - O ensino religioso deve ser sobre as religiões, e não interpretativo da experiência religiosa.
c - Nas escolas, o ensino teria de ser descritivo, e não interpretativo da experiência religiosa.
d - Deve preocupar-se com questões existenciais e não com fatos curiosos.
e - A meta deve ser, fazer com que os alunos tenham um diálogo vivo com as religiões; e não somente uma acumulação de fatos.
f - Deve se basear em fontes originais, como livros sagrados, cultos, templos, etc. em vez de conhecimento de segunda-mão, ou avaliações puramente subjetivas. (9)
Os alunos, de um modo geral, anseiam muito receber alguma educação sobre as religiões. O Dr. Arthur Rice, em seu artigo "Educadores podem ajudar trazer paz ao mundo", escreveu o seguinte sobre educação e religião em seu país:
"Onde é que nossas crianças vão aprender sobre estes grandes grupos religiosos?... Certamente não em nossas casas, porque o conhecimento, ou mesmo o interesse passageiro por outras religiões, é quase inexistente nos lares americanos. E também não nas igrejas... sendo que cada seita concentra-se só no ensino de suas próprias crenças, rituais, idéias... Com o fracasso de nossos lares e igrejas, até agora, na promoção de tal entendimento, restam nossas escolas públicas como o único órgão-sócio-cultural através do qual podemos buscar - e talvez encontrar - um campo comum em que todas as nações, que tenham religião, poderão alcançar a paz mundial." (24)
Outra área em que a educação pode exercer uma influência direta nos estabelecimentos da paz mundial é a do ensino de como evitar conflito, violência e a própria guerra.
Até agora, a guerra tem sido aceita como uma forma válida, justificável, para resolver conflitos entre povos e nações. Bahá´u´lláh proclamou a vinda do dia prometido por Deus no qual as ferramentas de guerra se transformariam em instrumentos de cultivo da terra.
Se observarmos duas crianças brigando na pré-escola, procuramos logo tratar de separá-las. Aconselhando-as a fazerem outra coisa para resolver o problema que havia entre elas. Mas, se encontramos, na rua, dois adultos armados, brigando um com outro, achamos que a desavença é um crime e imediatamente chamamos a polícia. O ideal seria a busca de soluções pacíficas para todos, inclusive e, principalmente, para as nações como um todo. A verdade é que a humanidade simplesmente não pode suportar mais o "luxo" da guerra; as armas são poderosíssimas, o espaço, ou seja o próprio planeta, é pequeno demais; e os povos, hoje cada vez mais ligados internacionalmente, inclusive com laços de amizade e de família, estão inter-relacionados demais. A convivência fraterna e a solução pacífica de problemas internacionais é um imperativo desta época, em que a unidade e a interdependência mundial constituem uma realidade crescente.
Num artigo relatando os resultados de uma declaração feita por cientistas de diversas áreas, durante um congresso realizado no Vaticano, em outubro de 1981, sob a coordenação do professor Carlos Chagas, os seguintes parágrafos focalizam os perigos de uma guerra nuclear:
"Ao contrário do que geralmente se pensa, temos hoje um conhecimento razoável da extensão da catástrofe que acompanhará o emprego de armas nucleares."
"A prevenção de qualquer doença requer um plano eficaz..."
"As recentes declarações segundo as quais se pode ganhar uma guerra nuclear e até sobreviver a ela, denotam uma apreciação defeituosa da realidade médica. Toda guerra nuclear propagaria inevitavelmente a morte, doença e o sofrimento em proporção e escala gigantesca e sem nenhuma possibilidade de intervenção médica eficaz. Isso nos leva à mesma conclusão a que chegaram os médicos a respeito das epidemias letais que a humanidade já experimentou: só a prevenção permite manter o controle da situação...
Mas as conseqüências de uma guerra nuclear não são apenas as de natureza médica; porém só essas nos forçam a pensar na lição insofismável da medicina contemporânea: quando o tratamento de uma doença é ineficaz, ou quando os custos do tratamento são muito altos, é melhor apelar para a prevenção. Ambas essas condições se aplicam aos efeitos de uma guerra nuclear. O tratamento seria praticamente impossível, e os custos seriam insuportáveis. Haverá argumentos mais fortes em prol de uma estratégia preventiva?" (8)
Cremos não ser necessário acrescentar outras descrições gráficas do estrago e desperdício, humano e ambiental, que um holocausto nuclear com certeza traria, se deflagrado. Mais importante é enfatizar o papel do educador, para evitar que tal catástrofe venha a ocorrer.
No Congresso Mundial sobre Educação para o Desarmamento, realizado em Paris, em 1980, foram elaborados importantes princípios sobre esse tema, a Educação para o desenvolvimento. Como primeiro deles, é focalizado o seguinte tipo de instrução:
"A Educação para o desarmamento como componente da educação para a paz, implica em uma educação sobre o desarmamento e uma educação para o desarmamento. Todos os educadores e comunicadores podem contribuir para a educação que trata do desarmamento em geral, buscando compreender melhor, e fazer com que os demais também compreendam melhor, quais são as razões para a produção e aquisição de armas, das repercussões sociais, políticas, econômicas e culturais da corrida armamentista, e do grave perigo que representa para a sobrevivência da humanidade a possibilidade do emprego de armas nucleares." (21)
Número cada vez maior de crianças estão recebendo informações sobre o desarmamento através de uma conscientização e instrução específica nesse sentido, e, gradativamente, as crianças podem perder sua fascinação pelos instrumentos de guerra (tanques, bombas, metralhadoras, e outras armas modernas), começando, na adolescência, a preocupar-se com a realidade das lutas fraticidas que ocorrem no mundo.
Às vezes, a juventude sofre uma desilusão total e frustração completa ao tentar conviver com o conhecimento de que existe uma grande frota de armas prontas a lhe destruir, mas, por sua vez, devem tentar agir como se nada estivesse errado.
Na época em que a UNICEF preparou este kit, ocorreu uma Sessão Especial da Organização das Nações Unidas sobre o Desarmamento. O UNICEF enviou uma mensagem àquela sessão incluindo o seguinte pensamento:
"O Conselho Executivo do UNICEF espera que durante as deliberações... os participantes levem em conta o objetivo de todos os governos a proporcionar vida mais seguras e produtivas para as crianças que são os futuros cidadãos do planeta. Um meio para este fim é a redução do perigoso estoque de armamentos, e outro, é providenciar os serviços básicos necessitado pela nova geração." (24)
Este kit se destina ao uso com alunos entre nove e quatorze anos de idade com objetivo de promover o melhor entendimento e cooperação internacionais.
Nos anos seguintes àquele, centenas de outras obras foram publicadas, detalhando diferentes maneiras de ensinar as crianças como encarar o conflito nuclear e para conscientizá-las de que a violência não é a única forma que dispomos para resolver desavenças.
No entanto, há que se enfatizar que todos os autores concordam no fato de que o ensino contra a guerra não é a solução definitiva para erguer uma geração que seja capaz de alcançar e de manter a paz mundial. Para este fim principalmente, o de manter a paz, a humanidade necessita de uma série de mudanças em seu modo de ver e de tratar o semelhante.
Entre elas, a mudança no relacionamento tradicional entre as mulheres e a sociedade. ´Abdu´l-Bahá nos explica que até agora a sociedade tem valorizado demasiadamente as qualidades da força bruta e domínio físico. Mas que neste momento decisivo na história do planeta outras qualidades são de maior utilidade. Muitas destas hoje tão necessárias qualidades humanas, tradicionalmente têm sido tratadas como de natureza "femininas".
Enquanto a contribuição da mulher não chegar a "todas" as áreas da atividade humana (ciências, artes, políticas, etc) - dizem as escrituras bahá´ís - não será possível à humanidade livrar-se do flagelo da guerra.
Para os pais e educadores a tarefa é gigantesca e deslumbrante, e aumenta cada vez mais à medida que o tempo vai se esgotando e os perigos aumentando dia a dia. Há que se superar os empecilhos seculares de opressão, de auto-degeneração, de desprezo e desestímulo.
O ensino deve começar com o aperfeiçoamento de nosso próprio comportamento, como pais e educadores. Em muitos países, os homens estão sendo encorajados a ensinarem nas escolas primárias, e as mulheres a participarem mais eqüitativamente nas escolas secundárias, universidades e no campo administrativo. Os livros didáticos devem ser escritos e selecionados para tratarem de uma ampla representação gráfica e textual de mulheres atuando em diversas áreas da vida humana: lares e negócios, líderes e seguidores, produtoras e consumidoras.
O cumprimento deste princípio trará benefícios, não somente para homens e mulheres, individualmente, mas para a humanidade toda. Num estudo realizado pelo UNICEF, em 15 países ao redor do globo, foi comprovado que a medida simples da educação das mulheres, independente de sua classe social, mostrou ser um fator muito importante, o principal em muitos casos, da melhoria do nível de saúde e educação dos filhos.
Outra condição essencial para a manutenção da paz é a melhor comunicação entre os povos. (Ver: "Os estágios da educação para a paz - UNESCO acima citados.)
A medida mais eficaz para melhorar o nível de comunicação é a adoção de um idioma auxiliar universal. Bahá´u´lláh escreveu, no século passado:
"Através da união, as regiões do mundo se têm iluminado sempre com a luz da Causa. O maior meio é que os povos conheçam a língua e a escrita uns dos outros.
Ordenamos anteriormente nas Epístolas, que os membros da Casa de Justiça escolhessem uma dentre as línguas atuais, ou um idioma novo, também uma das várias escritas, e as ensinassem às crianças nas escolas do mundo." (10)
Se as crianças aprendem desde cedo uma língua universal, além da língua materna, facilmente chegam a dominá-la completamente. Assim elas terão não somente a riqueza da língua da terra onde nasceram, com sua cultura e tradições, locais e nacionais, mas teriam acesso, igualmente, a uma forma de comunicação internacional, com todas as pessoas do mundo, podendo participar e colaborar muito mais na construção de uma cultura mundial.
O ensino de línguas para as crianças, tanto o seu próprio idioma, como mais um, é outra área de educação amplamente pesquisada. As Tecnologias e materiais didáticos disponíveis para esse fim são os mais diversos. Técnicas, como a super aprendizagem, mostram que a aquisição de vocabulário pode ser sensivelmente aumentada através de uso de técnicas relativamente simples. No entanto, somente experiências em comum, e metas complementares, podem aumentar o entendimento desse novo vocabulário.
Outra área integral da educação para a paz é a necessidade de se educar as pessoas para se tornarem cada vez mais conscientes da interdependência mundial. Portanto, a diminuição da avareza, da cobiça, e do materialismo, é um ponto imprescindível. Como escreveu o Mahatma Ghandi: "O mundo produz o suficiente para satisfazer as necessidades de todos, mas não a cobiça de todos." (23)
Desde cedo os hábitos de desperdício e mal-aproveitamento das riquezas devem ser eliminados, e o respeito pelo meio-ambiente e pelos seres que nele habitam deve ser enfatizado. Muitos programas educacionais tratam do modo de viver tradicional dos indígenas e povos primitivos, a fim de entender melhor como é possível conviver harmoniosamente com a natureza.
O cacique Seattle, da Nação Suquanish, explicou tal princípio nas seguintes palavras:
"Ensinai a vossas crianças o que nós temos ensinado a nossas crianças, que a terra é nossa mãe. Qualquer coisa que sucede à terra sucede aos filhos da terra. Se cuspirmos no chão, cuspimos sobre nós mesmos. Isto nós sabemos. A terra não nos pertence; nós é que pertencemos à terra...
"Uma coisa nós sabemos, e o homem branco poderá um dia descobrir: o nosso Deus é o mesmo Deus. Quiçá vós pensais agora que possais possui-lo, assim como desejais possuir as nossas terras, mas não podeis. Ele é o Deus de todos os povos, e sua compaixão é igual para todos..." (13)
Projetos científicos, voltados ao entendimento da natureza e seu aproveitamento racional, também são empregados nesta atividade educacional.
Crianças e adultos devem aumentar as atividades nas quais aprendem compartilhar seus objetos, idéias e tempo com os outros. Diversas atividades para esta finalidade são desenvolvidas em lares e escolas em muitas partes do mundo. Por exemplo, as crianças podem fazer um inventário de seus pertences e hábitos (tempo gasto em que) e após uma análise, resolver modificar este quadro para o bem dos outros. Freqüentemente, elas sentem não serem necessárias, nem usadas, e nem desejadas, muitas das coisas, ou atividades, constantes do inventário. Ocorrem, então, muitas trocas, como com livros, roupas, trabalho comum, etc, o que pode ser feito regularmente dentro do ambiente escolar.
Em casos de caridade, ou doação de presentes, cartas de amor e estímulo, escritas pelas próprias crianças, poderiam acompanhar as doações. Assim, nosso senso de interdependência seria reconhecido, cultivado e ampliado.
"E entre os ensinamentos de Bahá´u´lláh é que embora a civilização material seja um dos meios para o progresso do mundo da humanidade, até ela se juntar com a civilização divina, o resultado desejado, que é a felicidade da humanidade, não será alcançado. Considerai. Estes encouraçados que reduzem uma cidade a ruínas dentro do espaço de uma hora são o resultado da civilização material; da mesma maneira, as metralhadoras Krupp, os rifles Mauser, dinamite, submarinos, torpedeiros, aviões armados e bombardeiros - todas estas armas de guerra são os frutos malignos da civilização material, estas armas de fogo nunca teriam sido inventadas. Antes, as energias humanas teriam sido inteiramente dedicadas a inventos úteis, e teriam sido concentradas em descobertas louváveis. A civilização material é como o globo de vidro. A civilização divina é a própria lâmpada, e o vidro sem a luz é escuro." (2)
Apesar dos esforços, de muitos educadores e de diversas instituições, a educação universal se encontra ainda em fase embrionária. Igualmente encontra-se nesta mesma fase a vida organizada da humanidade como "um só povo, em um só planeta".
Na medida em que aplicarmos os princípios espirituais e sociais aos problemas que nos defrontam, encontraremos novas técnicas e métodos adequados para educar os cidadãos do mundo, atividades essas capazes de construir, promover, aproveitar e contribuir para um mundo de paz.
BIBLIOGRAFIA1 - ´ABDU´L-BAHÁ, (1911) Palestras de ´Abdu´l-Bahá em Paris - Compilação. pg. 28. Editora Bahá´í, Rio de Janeiro, 1979.
2 - ´ABDU´L-BAHÁ, Selections from the Writings of ´Abdu´l-Bahá, W. and G Mackay, Chatam England, 1978.
3 - BAHÁ´Í QUOTATIONS ON EDUCATION by the National Child Education Committee of the National Spiritual Assembly of the Bahá´ís of the Hawaiian Islands, Honolulu, 1974.
4 - BAHÁ´U´LLÁH e ´Abdu´l-Bahá, Revelação Bahá´í, 2a Edição, Editora Bahá´í do Brasil, Rio de Janeiro, 1976.
5 - BALYUZI, H.M. ´Abdu´l-Bahá, George Ronald, London, 1971.
6 - BROWN, Marion. An University for Peace: A Progress Report, New Era, Volume 05 No 3, pg. 73.
7 - CASA UNIVERSAL DE JUSTIÇA. Educação Bahá´í, Uma Compilação - Editora Bahá´í do Brasil, Rio de Janeiro, 1981.
8 - CHAGAS, Carlos. - et al Uma Declaração Incisiva Contra a Guerra. Correio Maio 1982. pg. 18/19.
9 - COLE, Owen Editor. World Religions, A Handbook for Teachers, The Commission for Racial Equality. London. 1979.
10 - DALE, John. Unity and Universal Language, Bahá´í Esperanto Ligo. Fortaleza. Ceará. 1976.
11 - ESSLEMONT, John E. Bahá´u´lláh e a Nova Era. Editora Bahá´í. Rio de Janeiro, 1984.
12 - JORDAN, Daniel. Cooperation, ANISA WORKING PAPER, Amherst, Massachusetts, 1973.
13 - MAC GINNIS, Kathleen e James. Parenting for Peace and Justice. Orbis Books, Mary Knoll NY. 1981.
14 - MACKEY, James. Living with the Bomb. Curriculum Review, Maio 1983, pgs. 126-129).
15 - MORREN, Paul. O Entendimento Internacional na Escola. Correio da UNESCO. Nov. 1980, pgs. 19-31.
16 - ORLICK, Terry. The Cooperative Sports and Games Book. Pantheon Books. NY. 1978.
17 - OSTRANDER, Sheila e Schroeder Lynn. Superlearning. Dell Publishing Company. 5a Edição. New York. 1981.
18 - PLANETARY, Citizen. The First Planetary Citizen. Booklet. NY, NY.
19 - PRUTZMAN, Priscilla. The Friendly Classroom for a Small Peace, Children´s Creative Response to Conflict Program. Nyork, NY. 1978.
20 - RELATÓRIO E DOCUMENTOS Finais do Congresso Mundial sobre Educação para o Desarmamento. Paris. 1980. Correio. Nov. 1980.
21 - RHODE, Sten. The Teaching of Religions, World Religions: A Handbook for Teachers. The Commission for Racial Equality. London. 1975. pgs. 6-11.
22 - RICE, Arthur. Educators Can Help Bring World Peace. Nation Schools, 92:04. Outubro. 1973.
23 - UNICEF. Children and Peace Awareness. IYC/Ideas Forum Supplement No. 26, pg. 5.
24 - UNICEF. Peace Education Kit. 1980.25 - THE FIRST PLANETARY CITIZEN. Published by Planetary Citizen NY, NY. 1975, pg. 8
SOBRE A AUTORAZlmarian Walker é professora da Escola das Nações, em Brasília. Nascida em Washington, DC, Estados Unidos, no ano de 1944, fez doutorado em Educação naquele país, com estudos específicos na área de aprendizagem. Bacharel em História, pela Universidade de Fisk, em Nashville, Tennesse, e Mestrado em Comunicação e Educação, pela Universidade de Indiana.
Tem trabalhos e estudos realizados na Índia, Bolívia, Brasil e Serra Leone, tratando do desenvolvimento de uma educação universal e cooperativa. Tem exercido o magistério desde o nível pré-escolar até cursos universitários e de pós-graduação, na América do Norte e na América do Sul, e nos últimos 12 anos no Brasil.